terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

CONCEPÇÃO DA ÁREA






A concepção do ensino na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, no Ensino Fundamental (Ciclo II) e no Médio, constitui-se de um conjunto de disciplinas: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna (LEM), Educação Física e Arte.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (2006), a linguagem é a capacidade humana de articular significados coletivos em sistemas arbitrários de representação, que são compartilhados e que variam de acordo com as necessidades e experiências da vida em sociedade. A principal razão de qualquer ato de linguagem é a produção de sentido.
Mais do que objetos de conhecimento, as linguagens são meios para o conhecimento. O homem conhece o mundo por meio de suas linguagens e de seus símbolos. À medida que ele se torna mais competente nas diferentes linguagens, torna-se mais capaz de conhecer a si mesmo, a sua cultura e o mundo em que vive.
 Com base nessa perspectiva, na escola, os estudos na área desenvolvem o conhecimento linguístico, musical, corporal, gestual, das imagens, do espaço e das formas. Assim, propõe-se uma mudança na maneira como as disciplinas devem ser ensinadas, ou seja, o desenvolvimento do conhecimento do aluno sobre as linguagens por meio do estudo dos conteúdos, historicamente construídos, associados a atividades que lhe possibilitem a interação com a sociedade e também o aumento do seu poder como cidadão, implicando mais acesso às informações e melhor possibilidade de interpretação dessas informações nos contextos sociais em que são apresentadas.
 Com tal mudança, a experiência escolar transforma-se em uma vivência que permite ao aluno compreender e usar as diferentes linguagens como meios de organização da realidade, nela constituindo significados, em um processo centrado nas dimensões comunicativas da expressão, informação e argumentação. Esse processo exige que o aluno analise, interprete e utilize os recursos expressivos da linguagem, relacionando textos com seus contextos, confrontando opiniões e pontos de vista e respeitando as diferentes manifestações da linguagem utilizada por diversos grupos sociais, em suas esferas de socialização.
Utilizar-se da linguagem é saber colocar-se como agente do processo de produção/ recepção. É também entender os princípios das tecnologias da comunicação e da informação, associando-os aos conhecimentos científicos e às outras linguagens que lhes dão suporte.
O ser humano é um ser de linguagens, as quais são tanto meios de produção da cultura humana quanto sua parte fundante. Por cultura entendemos a urdidura de muitos fios que se interligam constantemente e que respondem às diferentes formas com que nos relacionamos com as coisas do mundo, com os outros seres humanos e com os objetos e as práticas materiais da vida. Cultura é, assim, uma trama tecida por um longo processo acumulativo que reflete conhecimentos originados da relação dos indivíduos com as diferentes coisas do mundo.
Somos herdeiros de um longo processo acumulativo que constantemente se amplia e se renova, sem anular a sua história, refletindo, dessa forma, o conhecimento e a experiência adquiridos pelas gerações anteriores. É a manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural que possibilita as inovações e as invenções humanas e o contínuo caminhar da sociedade. No ensino das diversas linguagens artísticas, é fundamental desenvolver o estudo dos eixos poético (da produção), estético (da recepção) e crítico (acadêmico e histórico).
 A Literatura e a Arte são manifestações culturais. O estudo da Literatura não pode ser reduzido à mera exposição de listas de escolas literárias, autores e suas características. Por contiguidade o estudo da Arte não pode equivaler apenas ao conhecimento histórico e à mera aquisição de repertório, e muito menos a um fazer por fazer, espontaneísta, desvinculado da reflexão e do tratamento da informação.
No ensino de Educação Física é fundamental compreender o sujeito mergulhado em diferentes realidades culturais nas quais não se dissociam corpo, movimento e intencionalidade. Seu estudo não se reduz mais ao condicionamento físico e ao esporte, quando praticados de maneira inconsciente ou mecânica. O aluno deve não só vivenciar, experimentar, valorizar e apreciar os benefícios advindos da cultura de movimento e deles desfrutar, mas também perceber e compreender os sentidos e significados das suas diversas manifestações na sociedade contemporânea.
 Em relação à Língua Estrangeira Moderna (LEM), importa construir um conhecimento sistêmico sobre a organização textual e sobre como e quando utilizar a língua em situações de comunicação. A consciência linguística e a consciência crítica dos usos que se fazem da língua estrangeira devem possibilitar o acesso a bens culturais da humanidade. Os estudos de Língua Portuguesa e de Língua Estrangeira Moderna constituem-se em excelentes meios para a sensibilização dos alunos para os mecanismos de poder associados a uma língua.
No ensino das disciplinas da área, deve-se levar em conta que os alunos se apropriam mais facilmente do conhecimento quando contextualizado, ou seja, quando faz sentido dentro de um encadeamento de informações, conceitos e atividades. Dados, informações, ideias e teorias não podem ser apresentados de maneira estanque, separados de suas 29 Currículo do Estado de São Paulo Área de LCT Arte condições de produção, do tipo de sociedade em que são gerados e recebidos, de sua relação com outros conhecimentos.
 Do nosso ponto de vista, a contextualização na área pode se dar em três níveis:
 • A contextualização sincrônica, que ocorre num mesmo tempo, analisa o objeto em relação à época e à sociedade que o gerou. Quais foram as condições e as razões de sua produção? De que maneira ele foi recebido em sua época? Como se deu o acesso a esse objeto? Quais as condições sociais, econômicas e culturais de sua produção e recepção? Como um mesmo objeto foi apropriado por grupos sociais diferentes?
 • A contextualização diacrônica, que ocorre através do tempo, considera o objeto cultural no eixo do tempo. De que maneira aquela obra, aquela ideia, aquela teoria se inscrevem na história da Cultura, da Arte e das ideias? Como certa obra, por exemplo, foi apropriada por outros autores em períodos posteriores? De que maneira ela se apropriou de objetos culturais de épocas anteriores a ela própria?
• A contextualização interativa, que permite relacionar o objeto cultural com o universo específico do aluno. Como ele é visto hoje? Que tipo de interesse ele ainda desperta? Quais as características desse objeto que fazem com que ele ainda seja estudado, apreciado ou valorizado? A questão da contextualização remete-nos à reflexão a respeito da intertextualidade e da interdisciplinaridade. De que maneira cada objeto cultural se relaciona com outros objetos culturais? Como uma mesma ideia, um mesmo sentimento, uma mesma informação são tratados pelas diferentes linguagens? Aqui nos interessam, por exemplo, as novas tecnologias de informação, o hipertexto, os CD-ROMs, as páginas da web e as outras expressões artísticas como a pintura, a escultura, a fotografia etc. A construção do conhecimento humano, o desenvolvimento das artes, da ciência, da filosofia e da religião foram possíveis graças à linguagem que permeia a construção de todas as atividades do homem. Não apenas a representação do mundo, da realidade física e social, mas também a formação da consciência individual, a regulação dos pensamentos e da ação, próprios ou alheios, ocorrem na e pela linguagem.



Referências Bibliográficas:http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/237.pdf 
Texto extraído do: Currículo do estado de São Paulo: Linguagens, códigos e suas tecnologias/Secretaria da Educação;coordenação geral, Maria Inês Fini;coordenação de área, Alice Vieira.- 2. Ed.- são Paulo: SE, 2012.260p.